A mostra Corpos da terra – imagens dos povos indígenas no cinema brasileiro apresentou um panorama da relação entre os povos originários e o cinema, contribuindo para o debate a respeito da questão indígena no Brasil. Ao longo de um século desde os primeiros registros ainda existentes, muito foi contado. É interessante perceber o processo de amadurecimento dessas narrativas, fruto de uma modificação não somente no que está sendo contado, mas principalmente na maneira de contar, que é fruto da expansão dos olhares e protagonismos nas realizações.
O intuito da mostra foi esboçar uma percepção e construir um debate em torno do movimento que a tradição audiovisual segue ao acompanhar imagens filmadas por indígenas e não-indígenas no Brasil, assim como sua mescla de narrativas, olhares e histórias. Contar os povos índios do nosso país através deles e junto com eles é uma das formas que o cinema encontrou de dar luz ao patrimônio primordial, aos saberes transcendentais e às lutas insurgentes. Imagem e som dão voz aos primeiros homens e mulheres da nossa terra para reivindicar o direito que seus corpos têm de habitá-la, de tirar dela seu trabalho, seu alimento, sua história. Fazer ouvir é a ferramenta principal na luta incansável pelo direito de pertencer. E os indígenas nos mostram isso. Todos os dias, desde o primeiro choque colonizador que colocou, através dos tempos, em risco sua relação com o espaço; e fez deles um resistente sopro de simbiose e contato com o princípio da nossa história.
O evento exibiu 39 filmes, realizou debates, palestras, sessões comentadas e ofereceu um catálogo com textos inéditos sobre o tema - contribuindo para o debate a respeito da questão indígena no Brasil. Contou ainda com a participação de pensadores como Eduardo Viveiros de Castro e Renata Tupinambá e realizadores como Alberto Alvarez e Joel Pizzini.